DE SARA DE CASTRO
REDE EUNICE AGEAS
Pouco depois da estreia de Madalena, começou um mês e meio de confinamento.
Madalena era um espetáculo sobre a complexa figura simbólica de Maria Madalena, a cuidadora. É ela quem prepara o corpo de Cristo para as cerimónias fúnebres e também é a ela que é dado a conhecer o milagre da transcendência da carne. Nesse espetáculo, as atrizes atravessavam uma longa noite de luto — um processo que passa pela negação, raiva, negociação, tristeza e aceitação — para resgatar o direito ao contacto com o corpo morto numa sociedade em que a morte foi higienizada, desmaterializada, tornada abjeta.
Madalena é hoje um outro espetáculo. Não se sabe bem o que é. Hoje, não só está interdito o contacto com o corpo morto, mas também o contacto com os vivos está condicionado. As inquietações agigantam-se depois de convivermos com um vírus que nos isolou fisicamente, que nos fez temer o outro, que fez com que funerais fossem proibidos, que deixou tantos morrerem sós. Madalena continua a lembrar-nos que, sem contacto, somos menos humanos.
Ficha artística e técnica:
Direção: artística Sara de Castro
Com Ana Brandão, Carla Galvão, Cuca M. Pires, Paula Só e Teresa Moreira
Dramaturgia: Ana Pais, Sara de Castro
Cenografia e figurinos: Marta Carreiras
Desenho de luz: Rui Monteiro
Desenho de som: Duarte Moreira
Consultoria histórica: Liliana Caetano, Paulo Mendes Pinto
Assistência de encenação: Cuca M. Pires
Duração: a anunciar
Classificação etária: maiores de 14 anos
Preços: 10,00€ público geral | 5,00€ menores 30 anos | 50% desconto mobilidade reduzida
Produção: Dentro do Covil – Produção e Criação Artística
Coprodução: Teatro Nacional D. Maria II, Teatro Viriato, Centro de Arte de Ovar
Apoios: GTIST – Grupo de Teatro do Instituto Superior Técnico, Teatro Meridional, CAL – Primeiros Sintomas, TEC – Teatro Experimental de Cascais